
Tal qual Duchamp fez quando questionou o valor e a idéia que se tinha de obra de arte no início do século XX, ao colocar os Ready-mades, o objetivo desta atividade é demonstrar de modo prático, o funcionamento desses mecanismos (conceito) de dessacralização propostos, através de intervenções sobre reproduções de algumas de suas principais obras como L.H.O.O.Q. (A Monalisa), Fonte e A noiva despida por seus celibatários, mesmo (ou O grande vidro). Assim, dessacralizar também a imagem de “artista genial”, que hoje lhe atribuímos, criador de obras de grande valor para contemporaneidade.

Na perspectiva conceitual, proposta por Duchamp, a arte deixa de ser a materialização de um quadro ou escultura - de conteúdo estético tal como formas, cores, interpretações da realidade, maneira ou estilo - para transformar-se na concepção que o artista tem da obra de arte. Visto assim, fraco de vidro lacrado é O Ar de Paris, mictório é Fonte, porta-casacos colocado no chão é Armadilha.Quando o objeto é reconhecível como estético - obra prima da história da arte na modernidade - como a Monalisa, “pintura-mito” feita pelo “gênio-mito” Leonardo da Vinci, Duchamp compra cartões impressos com imagem; desenha-lhe bigode e cavanhaque e acrescenta-lhe um novo título L.H.O.O.Q.*. Com o gesto, transforma-a em ready-made, a nova categoria de artes criada por ele.Assim desloca o seu valor estético e a dessacraliza - não o retrato, mas da própria arte, desembaraçada de seu brilho (aura).
Há, de fato, ruptura entre a arte que se fazia antes daquela proposta por Marcel Duchamp e aquilo que se faz hoje. Mesmo em meio ao 'moderno', ele nos proporcionou trabalhos que permitiram-nos considerá-lo o precursor da arte contemporânea. E, por conseqüência, junto com sua obra, sacralizou-se também; a ponto de nos referirmos a ele como “artista genial”, criador de “obras geniais”.
Material

Lápis de cor, canetas coloridas, imagens de revistas, cola, tesoura e xerox colorido no formato A4 das seguintes obras: LHOOQ, Fonte, O Grande Vidro (Parte 1: Domínio da Noiva e parte 2: Domínio dos Celibatários)
Metodologia
Todas as cópias foram misturadas e colocadas dentro de um envelope, de onde os estudantes retiraram, ao acaso, uma imagem-obra de Duchamp, e sobre a qual tiveram liberdade para interferir, limitados apenas pelos materiais disponíveis. Ao final pediu-se que dessem um novo título e que assinassem o trabalho, transformando, asim, a obra de Duchamp em uma outra obra de arte, nova, a feita pelo estudante.


Título 1: Mulher ao Contrario
Título 2: Frida Lisa
Trabalhos feitos em cima da reprodução da obra L.H.O.O.Q (a Monalisa)
Título 3: Mulher perfumada industrialmente
Título 4: Dia-a-dia de sempre, menos aos sábados
Trabalhos feitos em cima da reprodução da obra A noiva despida por seus celibatários, mesmo. Ou Grande Vidro.
Nota: * L.H.O.O.Q. quando lidas as letras em seqüência, em francês traduz-se a frase obscena Ela tem fogo no Rabo.