O que se vê por aqui


Estas páginas tem o objetivo exibir o trabalho que venho desenvolvendo com estudantes da Educação Infantil passando pelo Ensino Fundamental e Ensino Médio, desde de 2005. Opto sempre pela utilização de materiais menos “nobres” e pela sua transformação no processo de produção da atividade escolar, sendo esta, uma das principais características das propostas. De maneira criativa e inusitada enfrentamos o problema: conseguir MAIS com MENOS. Como resultado, apresento o trabalho dos estudantes e mostro que é possível fazer arte de alta qualidade e uma série de outras atividade escolares com recursos materiais e didático-visuais mínimos. Muito obrigada pela visita.
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3 de jan. de 2011

Grafismos Indígenas

Projeto desenvolvido em março e abril de 201o, com crianças do 3º e 4º ano do Ensino Fundamental I.Segundo informações colhidas no site do Museu do Índio, "as marcas gráficas de repetição formam um conjunto expressivo e específico de motivos decorativos, pintados, gravados, trançados e recortados, em diferentes suportes e objetos da vida cotidiana ou cerimonial. Apesar da grande padronização dos motivos, cada artesão tem seu estilo, sua excelência técnica e artística. Tradicionalmente, estas marcas são sempre motivos geométricos, abstratos e nomeados; representam, enquanto ícones, espécimes da flora e da fauna, especialmente a pele, as escamas, cascos e rastros de animais, cascas de árvores e elementos naturais". Como veremos nas formas e nos títulos das obras-exercícios-gráficos feitas pelos estudantes: Beiju repartido, Folha de açaí, Dente de jacaré, Caminho da saúva, Rastro de caramujo, Tucano etc.

Aproveitando a oportunidade da data comemorativa do Dia do Índio, decidimos introduzir, na escola o projeto Grafismos Indígenas. A idéia central foi abordar a cultura indígena através da sua arte expressa nos grafismos e demonstrar para aos estudantes, como podemos representar graficamente as padronagens, à maneira dos índios, através do exercício de repetição de traços únicos e simples, feitos iguais, por todos da turma.

O tema se justifica no fato de o estudo das culturas indígenas ser objetivo proposto nos PCN’S e, portanto, de interesse no projeto; diz o texto: “Conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro, bem como aspectos socioculturais de outros povos e nações, posicionando-se contra qualquer discriminação baseada em diferenças culturais, de classe social, de crenças, de sexo, de etnia ou outras características individuais e sociais”.
Os objetivos foram: levar os estudantes conhecer e refletir sobre a arte gráfica indígena (escrita por imagens) e sua função na identificação destes povos, sabido que, aqueles que vivem aqui no Brasil não possuem escrita própria; vivenciar através de atividades artístico-plásticas um pouco dessa cultura gráfica; conhecer um pedaço da história do modo de vida dos índios brasileiros, antes da chegada dos portugueses – ouvindo, cantando e interpretando o texto da música citada; apreciar músicas cantadas por indígenas e comparar com nossa música, a cantada pelos os artistas citados acima; refletir, analisar e debater a relevância do tema para o a nossa cultura.
Como referência didático-visual, apropriamo-nos de duas linguagens artísticas diferentes: na arte visual, usamos impressos de plumária e arte gráfica indígena vista nos seus diversos suportes expressivos e na musical ouvimos a canção Todo Dia Era Dia de Índio de Jorge Bem Jor e Tim Maia, cantada por Bem Jor e Baby do Brasil; partido dessas referências, o tema desdobrou-se para outras abordagens interdisciplinares, como história, geografia e ciências.

Desenvolvimento

O projeto apoiou suas ações práticas nos três eixos diretores dos PCN’s-Arte:
  • Fazer artístico - cada uma das 10 turmas fez, para a exposição, uma obra-exercício coletiva diferente demonstrando o princípio de construção dos grafismos indígenas (por repetição), foram incentivados também a produzir individualmente outros tantos desenhos (interpretações ou releituras) quantos quisessem fazer, e ainda comparam as diferenças entre as nossas produções artísticas e as dos índios.
  • Apreciação da obra – todos os estudantes ouviram e/ou cantaram músicas com o tema, viram imagens da arte gráfica e plumária e visitaram a exposição dos seus trabalhos juntos com os dos outros colegas, relacionaram as imagens vista às suas correspondentes indígenas estudadas na sala de aula.
  • Reflexão - para que os ensinamentos proporcionassem, de fato, a construção de conhecimento dos estudantes, durante o andamento do projeto expressaram livremente suas opiniões, perguntaram, deram palpites. No final foram convidas as escrever, em suas palavras, um texto crítico-reflexivo falando a respeito do que sabiam e pensavam antes sobre a arte e a cultura indígena e o que sabem e pensam agora, demonstrando o que aprenderam, o que acharam das obras feitas individualmente e coletivas para a exposição, se o conhecimento teve importância cultural para eles, e ainda dar sugestões para melhorar as próximas aulas.

As outras disciplinas em que o projeto transitou através da música:
  • História: saber como viviam e vivem hoje os índios, através da interpretação do texto da música Todo Dia Era Dia de Índio.
  • Português: vocabulário, ver no dicionário o significado das palavras e expressões desconhecidas na música, tais como: cunhatã, curumim, proprietários, Terra Brasilis, equilíbrio, ecológico, fauna, flora, fraternidade, etc
  • Ciências: entender o que significado da frase da música “Preservando o equilíbrio ecológico da terra, fauna e flora”, fazê-los perceber que, também são parte da fauna terrestre, portando, animais (a maioria não sabia!).
  • Geografia: localizar no mapa do Brasil onde vivem os povos indígenas cujas músicas foram ouvidas e os criadores dos grafismos que nos “inspiraram” a fazer as obras expostas.
  • Matemática: saber quantos índios viviam no Brasil antes de Cabral, quantos vivem hoje e onde estão a maioria deles